O evento inaugural da Associação Nacional de Empresas Desenvolvedoras de Blockchain (ANEDEB), realizado no último dia 22 de agosto, no Palácio Itamaraty, no Rio de Janeiro, reuniu importantes nomes de instituições e empresas, nacionais e internacionais, para falar sobre a questão da cibersegurança no Brasil. O encontro contou com a presença do especialista internacional Rafael Narezzi para falar sobre o Blockchain como uma estratégia de proteção na segurança digital.
Narezzi é estrategista de defesa cibernética com mais de 20 anos de experiência e diretor na Europa da HybridWallet. Trabalha especialmente com o setor financeiro, no qual a segurança dos dados é primordial, é o Chief Technology Officer (CTO) da 4CyberSec e atua como consultor sênior para uma organização multinacional de segurança de defesa, que fornece assessoria de segurança de ponta a ponta para o nível C-Suite. Mestre em computação forense, cibersegurança e contra-terrorismo pela Northumbria University do Reino Unido, Rafael também é representante da ANEDEB na União Europeia. No último ano, Rafael marcou presença em grandes eventos de diferentes países ao redor do mundo: Inglaterra, Portugal, República Checa (Praga), Brasil, Singapura, Alemanha (Berlim) e EUA.
O evento, que foi o primeiro de um ciclo de palestras internacionais que a entidade pretende promover nos próximos meses, contou com a presença, dentre outros convidados, do Embaixador Eduardo Prisco Paraiso Ramos, chefe da Representação do Itamaraty no Rio de Janeiro; da diretora da ANEDEB em Portugal, Maria Alice Medina; do assessor da diretoria da ANEDEB, Luiz Guilherme Dias; do presidente do Conselho Multicrédito, Carlos Valdesuso; do Diretor de Pesquisa da ISACA-Sistemas de Informação, Homero Carreiro; além de representantes de instituições públicas, como a Secretaria de Fazenda do Município do Rio de Janeiro, e de advogados, economistas e consultores de TI.
De acordo com o presidente da ANEDEB, Epílogo de G. Campos Jr., “o evento serviu como um canal para agregar conhecimento e informação, a fim de quebrar um paradigma que se apresenta no século 21. Nós temos de estar preparados para estimular a criatividade brasileira usando com responsabilidade essa tecnologia que no mundo inteiro já é usada com muito sucesso.”
Epílogo explicou que a associação pretende fomentar essa troca de conhecimento e que contará com o aparelhamento de empresas, apoio de universidades e demais instituições que fazem parte desse universo da tecnologia de informação.
A ANEDEB já desponta com representação em 4 países (Estados Unidos, Inglaterra, Japão e Portugal) e apoio empresarial nacional e internacional, o que permite avançar com maior mobilidade e abrangência de informação. Segundo seu vice-presidente, Atila Ribeiro Martins, a entidade pretende atuar como um meio de comunicação e representatividade de empresas desenvolvedoras de Blockchain. “Essa é uma semente que estamos plantando que tem tudo para colocar o Brasil e suas empresas em uma vitrine mundial.”
No evento, o presidente Epílogo lembrou que há décadas o Brasil assiste timidamente à integração crescente de países de menor expressão econômica, mas com resultados significativos de emprego e renda através do desenvolvimento de softwares. Segundo ele, o Blockchain tem atraído muitas empresas e entidades financeiras, por isso o Brasil precisará se habilitar para essa nova tecnologia se quiser fazer parte de uma nova economia globalizada. “O nosso país precisa de funcionalidade para a iniciação definitiva na economia global, alargando a nossa fronteira com conhecimento, segurança e responsabilidade”, destacou.
A PALESTRA
Na palestra que deu início a esse ciclo de palestras internacionais, o especialista Rafael Narezzi discorreu sobre os riscos de reputação que empresas brasileiras correm sem um planejamento eficaz contra ciberataques. “Atualmente venho trabalhado mais com o pós-incidente. Isso é resultado da falta de prevenção de empresas e instituições. Elas geralmente me procuram quando o ataque já ocorreu, o que dificulta muito a segurança de dados e de reputação das empresas.”
Para Narezzi, essa é uma cultura equivocada e um grande problema na cibersegurança. “Hoje, se um ataque acontece, leva-se 99 dias para detectar e resolver o problema”, alerta o especialista.
O culpado? Segundo ele não existe um único culpado. As brechas fazem parte da falta de esforço coletivo para evitar riscos e danos. “Empresas brasileiras ainda não compreendem a complexidade segurança. O business ainda não aprendeu a lidar com coisas complexas e tentam simplificar procurando um único culpado, quando na verdade não há.”
Outro ponto destacado por Narezzi foi o custo do investimento em cibersegurança, que, se comparado com os danos de um ataque, pode ser considerado barato. “Sem proteção, corre-se o risco de ter de começar sua empresa do zero.”
Ele lembrou que a economia digital é um caminho sem volta e que já dominou muitos países e setores do mundo. Em Londres, por exemplo, as lojas físicas estão perdendo espaço no mercado varejista, já que e-commerces, como a Amazon passaram a dominar o comércio. Com ela, cresce ainda mais a necessidade de se desenvolver planos de segurança cibernética e o Blockchain é uma das tecnologias que prometem revolucionar os métodos de proteção.
O especialista mostrou como o sistema descentralizado, conhecido como Blockchain, pode ajudar na segurança cibernética, obtendo métodos de autenticação sem a dependência de terceiros. De acordo com Narezzi, se os bancos usassem essa ferramenta, poderiam salvar cerca de 27 bilhões de dólares.
Ele ainda defendeu que as criptomoedas vieram para ficar e que devem conquistar o mercado brasileiro, como já está acontecendo em países da Europa. Elas permitem transações sem taxas, sem intermediários e qualquer um pode possuir uma carteira, o que torna esse novo modelo econômico mais atraente e democrático. Por isso, ele enfatiza, é preciso se atualizar e começar a pensar em mais segurança também, pois com a evolução surgem novos riscos.
Por Thábata Mondoni
Mondoni Press – www.mondonipress.com.br
Vídeo cobertura:
Fotos cortesia de Thábata Monori.